Título da tese:
O Funcionamento Enunciativo de um Acontecimento Musical Urbano e a Geração de Sentido
(uma análise sócio-semio-musicológica)
Autor: Dinara Gouveia Guimarães
Área de Concentração: Comunicação e Cultura
Linha de Pesquisa: Comunicação e Discurso
Orientador: Milton José Pinto
Banca examinadora:
Carole Gubernikoff
Marta Tupinambá de Ulhoa
Ricardo Tacuchian
Telênia Teresinha de Senna Hill
Financiadores: Capes (bolsa de 24 meses)
Matrícula: 01/1992
Defesa: 08/1997
Palavras-Chave: acontecimento musical; comunicação visual.
Resumo:
Esta tese trata do acontecimento musical urbano a partir de pressupostos sócio-semiológicos, na vertente da semiologia dos discursos, atualizando o debate sobre comunicação musical. Defende que música é mais que partitura, pois se dá na situação de performance, como uma prática ritual de enunciação única na produção e na recepção, e que a situação de performance põe em jogo dispositivos que, enquanto de expressão, são também de comunicação e visam gerar um campo de efeitos de sentido, visam produzir a adesão. Trata dos fatores do ritual: a textualidade do espetáculo, o agenciamento seqüencial do programa, o modo de estar no acontecimento e os discursos sobre o acontecimento musical (e que o constróem). Ao investigar como se constitui o funcionamento enunciativo de um acontecimento musical urbano, na produção e na recepção, acompanhou, em pesquisa etnográfica, o ritual de música de concerto em performances de um mesmo grupo em sala convencional e em espaço alternativo (uma praça de eventos num shopping) e realizou outros estudos exploratórios. Sem pretensões generalizantes, conclui que o modelo comunicacional estabelecido na relação produção-recepção põe em jogo uma série de dispositivos que, face à fixidez do enunciado do compositor, contextualizam (semantizam) a obra musical, através de coerções na circulação, de um agenciamento sequencial do programa e de marcas deixadas na enunciação pelos intérpretes. Analisa jogos intertextuais presentes no enunciado do compositor/arranjador na obra comum aos dois concertos, indo à partitura a partir dos recortes presentes no gestual do maestro e na enunciação do público receptor. Analisa marcas gestuais na enunciação do maestro que, dirigidas ao músico-instrumentista, se oferecem ao público e não são um "extra" ao discurso musical. Constata que promover a adesão ˆ música de concerto é promover a adesão a um modo de estar nesse ritual de performance, enquanto um aspecto constitutivo de sua cena social. Conclui ainda que o receptor não é conduzido necessariamente pelos dispositivos colocados nas diversas instâncias de produção e na circulação. Sua leitura do texto espetacular move-se entre o enunciado e a enunciação, entre a memória de um ritual e a performance efetivamente realizada ou a iminência da sua realização. Embora a música de concerto seja uma prática altamente ritualizada, o receptor opera com suas estratégias, como um examinador que vai de "achado em achado", na singularidade do acontecimento.
Referências Bibliográficas:
Biblioteca Depositária: Escola de Comunicação / UFRJ
Volumes: 1
Páginas: 270
Idioma: Português
Contato:
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